quarta-feira, 25 de maio de 2011


Este é um vídeo que mostra as doenças mentais nas populações mais jovens , que muitas das vezes são dadas por outros nomes, desconhecendo-se que o doente é portador de doença mental, acabando muitas vezes por ser discriminado pelo resto da comunidade.

Perturbação Obsessiva Compulsiva – POC

Características diagnósticas

As características essenciais da Perturbação Obsessivo-Compulsiva (POC) são as obsessões ou compulsões recorrentes, suficientemente graves para consumirem tempo (mais de uma hora por dia) ou causar sofrimento acentuado ou prejuízo significativo. O indivíduo reconhece que as suas obsessões ou compulsões são excessivas ou mesmo irracionais.

As obsessões são ideias, pensamentos, impulsos ou imagens persistentes, vivenciados como intrusivos e inadequados e causando acentuada ansiedade ou sofrimento. A qualidade intrusiva e inadequada das obsessões é referida como "ego-distónica", sendo que o termo refere-se ao sentimento de que o conteúdo da obsessão é estranho, não está dentro do próprio controlo do doente nem é a espécie de pensamento que ele esperaria ou desejaria ter. Entretanto, o doente é capaz de reconhecer que as obsessões são produto de sua própria mente e não impostas a partir do exterior.

As obsessões mais comuns são pensamentos repetidos acerca de contaminação (por ex., ser contaminado em apertos de mãos), dúvidas repetidas (por ex., imaginar se foram executados certos actos, tais como ter magoado alguém num acidente de trânsito ou ter deixado uma porta mal fechada), uma necessidade de organizar as coisas numa determinada ordem (por ex., intenso sofrimento quando os objectos estão desordenados ou assimétricos), impulsos agressivos ou horrorizantes (por ex., magoar o próprio filho de tenra idade com um cutelo da cozinha ou gritar uma obscenidade na igreja) e imagens sexuais (por ex., imagem pornográfica recorrente).



Os pensamentos, impulsos ou imagens não são meras preocupações excessivas acerca de problemas da vida real (por ex., preocupação com dificuldades actuais, como problemas financeiros, profissionais ou escolares) e não tendem a estar relacionados com um problema da vida real.

O indivíduo com obsessões em geral tenta ignorar ou suprimir esses pensamentos ou impulsos ou neutralizá-los com algum outro pensamento ou acção (i.e. umacompulsão). Um indivíduo assaltado por dúvidas acerca de ter desligado o gás do fogão, por exemplo, procura neutralizá-las verificando repetidamente para assegurar-se de que o fogão está desligado.

As compulsões são, pois, comportamentos repetitivos (por ex., lavar as mãos, ordenar, verificar) ou actos mentais (por ex., orar, contar, repetir palavras em silêncio) cujo objectivo é prevenir um mal idealizado, ou melhor, reduzir a ansiedade ou sofrimento que essa fantasia acarreta. Na maioria dos casos, a pessoa sente-se compelida a executar a compulsão para reduzir o sofrimento que acompanha uma obsessão ou para evitar algum acontecimento ou situação temidos.



Por exemplo: os indivíduos com obsessões de contaminação podem reduzir o seu sofrimento mental lavando as mãos a ponto de irritarem e lesarem a pele; os indivíduos com obsessões de terem deixado uma porta destrancada podem ser levados a verificar repetidamente a fechadura, em intervalos cada vez mais curtos; indivíduos com pensamentos indesejados podem encontrar alívio contando até 10 em ordem crescente ou decrescente, 100 vezes por cada pensamento....! Em alguns casos, os indivíduos realizam actos rígidos ou estereotipados de acordo com regras idiossincraticamente elaboradas, sem serem capazes de indicar o motivo pelo qual os estão a executar. Por definição, as compulsões ou são claramente excessivas ou não têm conexão realista com o que visam neutralizar ou evitar, sendo que as mais comuns envolvem lavar e limpar, contar, verificar, solicitar ou exigir garantias, repetir acções e colocar objectos por ordem.
Por definição, os adultos com POC reconheceram, em algum ponto, que as obsessões ou compulsões são excessivas ou irracionais embora esta exigência não se aplique a crianças, pois falta-lhes consciência cognitiva suficiente para tal discernimento.

A pessoa pode reconhecer que uma obsessão de contaminação é irracional ao discuti-la numa "situação segura" (por ex., no consultório do terapeuta), mas não quando forçada a manusear dinheiro. Nos momentos em que o indivíduo reconhece que as obsessões e compulsões são irrealistas, ele pode desejar ou tentar resistir-lhes, e ao fazê-lo, tem uma sensação de crescente ansiedade ou tensão, frequentemente aliviadas cedendo à compulsão.


Características e Perturbações Associadas

Frequentemente, existe evitamento de situações que envolvam o conteúdo das obsessões, tais como o lixo ou contaminação. Por exemplo, uma pessoa com obsessões envolvendo lixo pode evitar casas de banho públicas ou cumprimentar estranhos. Preocupações hipocondríacas são comuns, com repetidas consultas a médicos em busca de garantias. Sentimentos de culpa, um sentimento patológico de responsabilidade e perturbações do sono podem estar presentes. Pode haver uso excessivo de álcool ou medicamentos sedativos, hipnóticos ou ansiolíticos. A execução das compulsões pode tornar-se uma importante actividade na vida da pessoa, levando a sérias deficiências no relacionamento conjugal, ocupacional ou social. O evitamento generalizado pode mesmo confinar o indivíduo ao lar.

A POC pode estar associada com Perturbação Depressiva Major, outras Perturbações de Ansiedade (Fobia Específica, Fobia Social, Perturbação de Pânico), Perturbações Alimentares e Perturbação da Personalidade Obsessivo-Compulsiva.


Características Específicas à Cultura, à Idade e ao Género

O comportamento ritual prescrito culturalmente não leva a uma POC, em si mesmo, a clínica da POC ocorre em momentos e locais considerados impróprios por outros indivíduos da mesma cultura e interfere no funcionamento social. As transições vitais importantes e o luto podem levar a uma intensificação de comportamentos ritualistas, podendo parecer uma obsessão ao clínico não familiarizado com o contexto cultural.

As apresentações da POC em crianças geralmente são similares àquelas da idade adulta. Lavagens, verificação e rituais de organização são particularmente comuns em crianças, estas em geral não solicitam ajuda e os sintomas podem não ser ego-distónicos tal como referido anteriormente. Com maior frequência, o problema é identificado pelos pais por queixas de redução gradual no rendimento escolar, secundária ao prejuízo da capacidade de concentração. Como os adultos, as crianças tendem a envolver-se mais em rituais em casa do que na frente de seus pares, de professores ou estranhos.
Esta perturbação é igualmente comum nos dois sexos.

Prevalência
Embora a POC anteriormente fosse considerada relativamente rara na população geral, estudos comunitários mais recentes estimam uma prevalência durante a vida de 2,5% e uma prevalência anual de 1,5-2,1%.

Curso
Embora a POC em geral se inicie na adolescência ou no começo da idade adulta, ela pode aparecer na infância. A idade de início é mais precoce para os homens, entre os 6 e os 15 anos para os homens e entre os 20 e os 29 anos para as mulheres. Com maior frequência, o início é gradual, mas um início agudo é observado em alguns casos. A maioria dos indivíduos tem um curso crónico de melhoria e agravamento dos sintomas, com exacerbações possivelmente relacionadas com o stress. Cerca de 15% dos doentes apresentam deterioração progressiva no funcionamento profissional e social. Cerca de 5% têm um curso episódico, com sintomas mínimos ou ausentes entre os episódios.



Tratamento

Psicofarmacológico
As medicações mais frequentemente utilizadas para o tratamento da POC são os inibidores da recaptação da serotonina (SSRIs), especialmente a clomipramina. Os SSRIs como a fluoxetina, fluvoxamina, paroxetina e sertralina, e mais recentemente o escitalopram também demonstraram eficácia no tratamento de doentes com POC.

Psicoterapêutico
A psicoterapia que mostrou mais eficácia na POC foi a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). Os objectivos do tratamento são a redução dos sintomas alvo e a aprendizagem de estratégias para lidar com obsessões e premências compulsivas no futuro.
A TCC visa ajudar o doente a aprender a controlar a ansiedade provocada pelas obsessões sem recorrer às compulsões.

O que é um psicopata?








O que é um psicopata?

O termo “psicopata” caiu na boca do povo, embora na maioria das vezes seja usado de forma equivocada. Na verdade, poucos transtornos são tão incompreendidos quanto a personalidade psicopática.

Descrita pela primeira vez em 1941 pelo psiquiatra americano Hervey M. Cleckley, do Medical College da Geórgia, a psicopatia consiste num conjunto de comportamentos e traços de personalidade específicos. Encantadoras à primeira vista, essas pessoas geralmente causam boa impressão e são tidas como “normais” pelos que as conhecem superficialmente.

No entanto, costumam ser egocêntricas, desonestas e indignas de confiança. Com frequência adotam comportamentos irresponsáveis sem razão aparente, excepto pelo fato de se divertirem com o sofrimento alheio. Os psicopatas não sentem culpa. Nos relacionamentos amorosos são insensíveis e detestam compromisso. Sempre têm desculpas para seu descuido, em geral culpando outras pessoas. Raramente aprendem com seus erros.

Esquizofrenia




Esquizofrenia

CAUSAS

A esquizofrenia pertence ao grupo das psicoses, graves problemas mentais que se caracterizam por uma evidente desorganização da personalidade, perda de noção da realidade e dificuldade nas relações afectivas, sociais e profissionais.

A causa de esquizofrenia ainda não é conhecida. Por um lado, é provável que seja provocada por factores genéticos, pois o problema é proporcionalmente muito mais frequente no seio de determinadas famílias do que na população em geral. Por outro lado, o estudo anatomopatológico de alguns pacientes falecidos evidenciou determinadas alterações anatómicas ao nível do encéfalo; contudo, como a sua origem ainda é desconhecida, os investigadores não conseguiram chegar a uma conclusão unânime no que se refere ao seu significado.

É igualmente possível que o problema seja originado por vários factores neurofisiológicos, já que o registo da actividade cerebral da maioria dos pacientes apresenta consideráveis alterações. Por fim, considera-se que existem determinados factores psicológicos e ambientais, tais como o antecedente de uma mãe autoritária e um pai passivo ao longo dos primeiros anos de vida, que poderiam desempenhar, de um ponto de vista psicológico, um importante papel na origem deste problema.

MANIFESTAÇÕES

As manifestações da esquizofrenia, que costumam afectar as funções intelectuais, sensoriais e motoras, bem como o relacionamento, podem evidenciar-se de forma brusca, numa questão de horas ou dias, ou apresentar-se gradualmente ao fim de vários anos.

A existência de perturbações ao nível do pensamento, sobretudo delírios, correspondentes à formulação de ideias erradas, incoerentes e persistentes, que o paciente entende como reais e indiscutíveis, normalmente de índole persecutória e ameaçadora, é igualmente comum.

Como a linguagem e o raciocínio também costumam ser alterados, o paciente tem tendência para elaborar o seu discurso de forma contraditória, confusa e intermitente, atribuindo um valor mágico ou supersticioso aos objectos e às palavras, por vezes inventadas. Das alterações sensoriais, as mais frequentes são as alucinações, ou seja, a percepção de objectos ou estímulos inexistentes, que também costumam ser atemorizadoras.

Estas alterações podem apresentar-se de várias formas: visuais, em que o paciente vê objectos ou pessoas distorcidas ou irreais; tácteis, tendo a sensação de que o tocam, agridem ou abusam sexualmente; auditivas, nas quais escuta murmúrios ou vozes que ordenam o que tem de fazer ou como se deve comportar, embora por vezes não as consiga compreender.

Uma outra manifestação muito comum é uma evidente apatia ou desinteresse pelo relacionamento, em que muitos dos pacientes esquizofrénicos vivem numa espécie de indiferença praticamente constante, apenas interrompida pela manifestação de emoções injustificadas, como ataques de riso ou choro inoportunos.

Por fim, são igualmente comuns as alterações do comportamento - tais como episódios de intensa agitação ou de imobilidade absoluta -, bem como do aspecto e da expressividade corporal: por exemplo, a utilização de roupa e maquilhagem extravagante, uma evidente falta de higiene pessoal e a adopção de gestos e posições corporais absurdas.

TRATAMENTO

A forma de tratamento mais simples consiste na administração de medicamentos antipsicóticos, ou tranquilizantes major, normalmente durante longos períodos de tempo. Embora estes medicamentos possam originar alguns efeitos secundários bastante evidentes, nomeadamente uma grande sonolência e rigidez muscular, costumam ser bastante benéficos, sobretudo quando são indicados nas primeiras fases da doença.

Por outro lado, é essencial que os familiares do paciente se responsabilizem pelo rigoroso cumprimento das instruções do médico relativamente às doses, horários e duração do tratamento, pois comprovou-se que eventuais irregularidades na administração dos fármacos constituem uma das principais causas do aumento de intensidade dos sinais e sintomas.

Sempre que a evolução for favorável, o paciente pode iniciar uma psicoterapia individual que lhe permita tentar compreender a sua situação, melhorar o seu comportamento e fortalecer a sua integração no meio.

É igualmente recomendável a realização de uma terapêutica familiar, mesmo que a convivência com o paciente possa provocar várias dúvidas e situações muito complexas, porque as reacções dos familiares podem influenciar a evolução do problema.

Por fim, em determinados casos, recomenda-se a frequência, por algumas horas, de centros de dia, onde os pacientes podem realizar vários tipos de actividades manuais e sociais, já que enquanto se mantêm ocupados vão fortalecendo a sua integração no meio.

Depressão




Depressão

CAUSAS

A depressão pode ser provocada por uma série de factores, relacionados com uma certa

predisposição, que favorece o desenvolvimento do problema e por outros factores precipitantes, que a podem desencadear a qualquer momento, embora nem sempre estejam presentes.

De acordo com dados estatísticos, a depressão é muito mais frequente nos gémeos e nos filhos de pessoas deprimidas do que no resto da população, o que leva a crer que existe uma certa predisposição genética, transmitida de forma hereditária, para se ser afectado pela doença. Dado que as alterações genéticas responsáveis por esta predisposição, infelizmente, ainda não foram identificadas, actualmente ainda não é possível detectá-las.

Um outro grande factor predisponente, decerto provocado pelas alterações genéticas anteriormente mencionadas, corresponde à diminuição da quantidade e, consequentemente, da actividade de uma série de neurotransmissores ou mediadores químicos responsáveis pela transmissão dos impulsos nervosos. De facto, constatou-se que a diminuição da concentração e da actividade da dopamina, serotonina e noradrenalina em determinados sectores do sistema nervoso central tem um efeito depressivo no estado anímico.

A personalidade depressiva, provocada pelos factores genéticos e neurológicos referidos e pela influência do ambiente familiar e social durante os primeiros anos de vida, constitui um antecedente muito comum da depressão. Os indivíduos com personalidade depressiva caracterizam-se por uma grande obsessão com as suas responsabilidades e com a ordem nas suas amizades, no trabalho e nos seus relacionamentos; no entanto, como esta exigência é tão exagerada, acabam por achar, na maioria dos casos, que não conseguem satisfazê-la, sentindo-se frustrados e com sentimento de culpa, o que os leva facilmente a situações de stresse.

Um outro factor predisponente muito importante é a influência do ambiente sociocultural numa época como a actual, na qual são exaltados valores, nomeadamente ao nível do sucesso económico, afectivo e social, cuja difícil concretização pode gerar uma constante tensão.

Por outro lado, a acção dos factores precipitantes permite uma descida temporária, embora brusca e exagerada, da quantidade ou actividade dos neurotransmissores já mencionados, o que favorece o desenvolvimento de uma depressão. Estes factores podem ser do tipo orgânico, como em caso de esgotamento físico, ou dever-se a alguns problemas endócrinos, como o hipotiroidismo, ou ao alcoolismo.

De qualquer forma, na maioria dos casos, são do tipo psicológico, por vezes relacionados com situações que provocam uma grande tristeza: após a perda de um ente querido ou a perda do emprego, por exemplo. Por outro lado, em alguns casos, estes traumas psicológicos são provocados por circunstâncias que não deveriam ser interpretadas como negativas - por exemplo, após uma mudança de casa ou de país - ou por outras que poderiam ser consideradas positivas - como o caso da reforma ou uma iminente promoção profissional.

SINTOMAS E EVOLUÇÃO

Os sinais e sintomas afectam várias áreas da actividade do sistema nervoso: o relacionamento, o pensamento e o comportamento.

A perturbação mais significativa do relacionamento é um sentimento de tristeza exageradamente profundo e duradouro, denominado tristeza patológica. Esta tristeza pode manifestar-se progressivamente, sem causa aparente, como sucede em caso de depressão endógena, sendo mais intensa de manhã ou, então, aparecendo após um trauma psicológico, o que a torna mais grave e prolongada do que o normal.

As depressões também costumam afectar com alguma frequência o pensamento, já que a maioria dos doentes deprimidos apresenta uma diminuição da sua capacidade de concentração, da sua rapidez mental e do seu rendimento intelectual. Para além disso, costumam ter ideias fixas bastante pessimistas e assustadoras, como pensamentos de morte, sentimentos de culpa ou a sensação de serem afectados por doenças graves.

A depressão também costuma afectar bastante o comportamento. Outras características da depressão são uma lentidão psicomotora, apatia, perda de interesse pelo meio envolvente e pela interacção com os outros (o que conduz ao isolamento) e incapacidade de sentir prazer com actividades anteriormente consideradas agradáveis. Noutros casos, denominados depressão ansiosa, os sintomas predominantes são a ansiedade, o receio do desconhecido e a inquietação permanente. Para além disso, alguns doentes deprimidos, influenciados pelas suas ideias negativas e pelos seus temores, desenvolvem comportamentos agressivos que podem conduzir a tentativas ou à consumação do suicídio.

TRATAMENTO

O tratamento consiste essencialmente na administração de medicamentos específicos com efeitos anti-depressivos e na psicoterapia que deve ser adaptada às necessidades específicas de cada paciente. É fundamental que o paciente respeite escrupulosamente as indicações do médico, pois qualquer alteração no tipo de medicamento seleccionado, nas suas doses ou no tempo de administração pode diminuir drasticamente a eficácia do tratamento. Para além disso, como os efeitos destes medicamentos apenas se evidenciam ao fim de duas a quatro semanas do início do tratamento, durante este período de tempo deve-se proceder, com alguma frequência, à administração de tranquilizantes.

Por outro lado, nos casos mais graves - como acontece perante risco de tentativa de suicídio -, o paciente deve ser hospitalizado até adquirir uma maior estabilidade emocional.

Doenças mentais

Existem actividades que necessitam, pelo menos até um determinado ponto, da intervenção consciente e voluntária do córtex cerebral, como acontece, por exemplo, no caso das denominadas funções nervosas superiores ou intelectuais: a capacidade de raciocínio, o pensamento, a memória, a aprendizagem, a linguagem e o comportamento.

As doenças mentais integram um grupo de doenças relacionadas com a neurologia, a psiquiatria e a psicologia, cuja origem, muitas vezes pouco clara, deriva da participação de factores genéticos, constitucionais, neurofisiológicos, educativos, culturais e psicossociais.

As manifestações e a gravidade das doenças mentais são extremamente variáveis. Em certos casos, como acontece nas neuroses, são problemas relativamente ligeiros ao nível da personalidade, considerado o conjunto de acções psicossociais e de comportamentos que expressam as características de um indivíduo. Por fim, existem outras doenças mentais, como a esquizofrenia e a demência, que, para além das constantes perturbações da personalidade, afectam igualmente o conjunto das funções intelectuais.




Entrevista



No passado dia 28 De Março de 2011, dois dos membros do nosso grupo escolar foram, cujos nomes Denise Ferreira e Patrícia Lopes, realizaram uma entrevista ao Dr. António Paiva, no Hospital da Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro na forma de obter algumas respostas em relação à sua vida profissional e à sua vida pessoal.

- Dr. com que idade se tornou psiquiatra?

- E então… com que idade me tornei psiquiatra?! Aos 32 por ai… há 18 anos fazendo as contas. (risos)

- O seu nome completo?

- António Paiva. António Carlos Nunes da Cruz Paiva.

- Já alguma vez pensou em desistir?

- (Dr.) Hum… de ser psiquiatra?!
- (Patrícia) Sim… Da parte que exerce como coordenador?
- (Dr.) Sou coordenador há tão pouco tempo quer dizer, se quisesse desistir já estávamos mal (risos) … Não, do trabalho não, gosto do meu trabalho.

- E a sua família sempre o apoiou?

- (Dr.) Se a minha família me apoiou?! Apoiou.
- (Denise) Nunca houve objecções?
- (Dr.) Hum…Não, nada de especial.

- Consegue dividir a sua vida pessoal da profissional?

- (Dr.) Tem dias… Tem dias.

- É difícil ser o Dr. António Paiva?

- (Dr.) Não é uma parte simpática.
- (Denise) E é difícil ser António Paiva sem ser Dr?
- (Dr.) Não, também não.

- E tem tempo para estar com a sua família?
- (Dr.) Tenho…
- (Patrícia) E eles não reclamam entre “ ”.
- (Dr.) Não, acham imensa piada ter um pai psiquiatra… (Pausa e partilha uma foto das suas filhas). São estas aqui, são a minha família. São as minhas filhas. Não reclamam nada como podem ver (risos)

- Na sua família existe algum caso com doenças mentais?

- (Dr.) Hum… Sempre se tem um bocadinho de problemas mentais (risos) Não é? Uns piores que outros. (Pede para olhar para um poster na parede do seu consultório onde se encontra um senhor) Vocês sabem quem é aquele senhor ali?
- (Denise) - O seu pai?!
- (Dr.) - Não, não é o meu pai, é o melhor psicanalista português… Coimbra de Matos.

- E não tinha outras escolhas profissionais senão entrasse neste âmbito?

- (Dr.) - Futebolista. A sério. (Risos)
- (Denise) – É… é o oposto…
- (Dr.) – É, sempre fui bom atleta por sinal nas barreiras. (Risos) Eu gosto de correr.
- (Denise) - E porque não essa opção? Ser Atleta ou futebolista?
- (Dr.) – Como atleta não recebia nada por isso.

- Nunca foi descriminado entre “ “? Como: “Olha aquele médico maluco” ou dos pacientes malucos?

- (Dr.) – Não…
- (Patrícia) - Nunca?!
- (Dr.) - Não.

- Já houve algum caso no Hospital que o tenha marcado?

- (Dr.) – Peço desculpa mas não vou dizer isso.
- (Patrícia)- Porquê?
- (Dr.)- Porque são coisas profissionais.

- Acha que faz o suficiente para ajudar os pacientes neste Hospital ou que poderia fazer mais?

- (Dr.) – Os pacientes quê? Psiquiátricos?
- (Patrícia) - Sim…
- (Dr.) – Se eu acho que faço os possíveis? Sim faço os possíveis. Tento sempre fazer o melhor.

- Já foi atacado alguma vez? Ou alguém daqui do Hospital por algum paciente gravemente?

- (Dr.) – Fui roubado. Uma vez no metro (risos) Aqui não… não.

- Quais são as actividades que existem para distrair os pacientes?

- (Dr.)- Não… Não porque é assim nós não estamos aqui para distrai-los, são doentes psiquiátricos e não crianças. São pessoas doentes e portanto não se distraiam e actualmente tem actividades terapêuticas mais ou menos música para os ajudar mas pronto é importante perceber que não são deficientes, os doentes psiquiátricos não se distraiam. (Pausa) Você por acaso já pensou se alguma vez em fazer essa pergunta mas aos doentes internados, que partiram a perna ou o braço vai lá alguém distrai-los? É uma pergunta que a esses nunca faria mas aos doentes psiquiátricos faz. (risos) É estranha essa pergunta não acham?! (risos)


- Queríamos perguntar se podemos fazer alguma actividade?

- (Dr.)- Eles não são atrasados mentais.
- (Patrícia) - Nós não queríamos dizer isso…
- (Dr.) - Eu sei…
- (Denise) - Não, mas nós estamos só a perguntar se tem actividades para os ocupar nos tempos livres, como por exemplo as salas de convívio, há aquelas salas de convívio para os doentes.

- E podemos assistir a alguma actividade?

- (Dr.) Não, não é possível.
- (Denise) - E os pacientes desta ala podem sair para fora do Hospital?
- (Dr.) – Podem mas aqueles muito doentes não podem, os outros podem ir lá abaixo, ou ir dar uma volta pelo hospital.

- Já houve alguma fuga do Hospital?

- (Dr.) - Várias…
- (Patrícia) - E como é que vocês lidam com isso?
- (Dr.) - Chamamos a polícia ou a família conforme, se estiverem muito malucos chamamos a polícia e informamos que os doentes saíram do hospital, tem que se avisar faz parte da lei. Caso não avisarmos fica à nossa responsabilidade, pode acontecer qualquer coisa.

- E os doentes que estão no Hospital não vão á escola no tempo que aqui estão?

- (Dr.) Estão a falar da escola ou deste serviço?
- (Patrícia) Da escola, eles quando estão internados
- (Dr.)- Então os pacientes jovens deste hospital deste serviço… o dos outros serviços não vão á escola pois não?
- (Denise) - E eles param os estudos?

- (Dr.)- Depende, depende do tempo que as pessoas estão aqui internadas. Se for 1 mês não vão á escola 1 mês se for 15 dias não vão á escola 15 dias. E depois depende das doenças. Não mas é assim há doenças psiquiátricas graves por exemplo a esquizofrenia, na esquizofrenia as capacidades dependem das capacidades cognitivas, podem ficar bastante prejudicados. Portanto às vezes as pessoas ficam com grandes dificuldades escolares.

- O Dr. é fixo neste hospital ou trabalha fora?

- (Dr.) Tenho um consultório, sim.
- (Patrícia) Costuma fazer sessões em casa?
- (Dr.) Sessões?
- (Denise) - Terapias…
- (Dr.) Espíritas? (risos) Não, mas não dou.



Depois de agradecimentos foi o fim de uma agradável entrevista ao Dr. António Paiva, coordenador da Ala de Psiquiatria no Hospital da Nossa Senhora do Rosário Barreiro. E ficou assim decidido a ajuda da sua Estagiária Vanessa Vila Nova, comparecer na nossa Palestra na Biblioteca da Escola Secundária Poeta Joaquim Serram no dia 26 de Maio de 2011, para esclarecer todo o tipo de informação em relação ao nosso tema de trabalho no âmbito de Área de projecto – Doenças Mentais.



Denise Ferreira, Cristina Frota, Patricia Lopes, Paulo Mendes e André Quendera.